domingo, 20 de setembro de 2009

Gaivotas com bactérias multi-resistentes

As gaivotas da orla costeira do Porto e de Matosinhos são portadoras de bactérias resistentes a vários antibióticos, alguns dos quais de 3ª geração - usados, apenas, para o tratamento das infecções graves. Esta foi uma das principais conclusões de um estudo científico liderado por investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e que alerta para um eventual problema de saúde pública.


A investigação arrancou no final de 2007, com o objectivo de estudar a importância que as gaivotas residentes nas praias do Porto e de Matosinhos têm na dispersão ambiental de bactérias resistentes aos antibióticos. Para além de terem isolado em quase todas as amostras recolhidas diferentes estirpes de Salmonella spp. e uma estirpe de Enterococcus faecalis resistente à vancomicina (antibiótico usado exclusivamente em ambiente hospitalar), a equipa de investigadores do ICBAS, liderada por Paulo Martins da Costa, obteve como resultado mais surpreendente a enorme quantidade e diversidade de estirpes de E. coli multi-resistentes, relativamente às quais a maioria dos 20 antimicrobianos testados foram completamente ineficazes.


Estudos anteriores, também realizados pelo ICBAS, demonstraram serem os esgotos a origem provável destas bactérias multi-resistentes para as gaivotas. A selecção destas bactérias deriva do uso de antibióticos e Portugal é, segundo um estudo publicado pela revista Lancet em 2005, o quarto país europeu com o consumo mais elevado de antibióticos em ambulatório, havendo diariamente 260 mil portugueses a tomar estas substâncias.


Assim, aves de vida livre como as gaivotas, às quais nunca se administraram antibióticos, servem de reservatório e eventual fonte de contágio para o homem destas estirpes multi-resistentes, passando a constituir um grave problema de saúde pública.

Adaptado de cienciapt.net

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